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Gênero e Psicanálise

Gênero para psicanálise é um lugar de questionamento, não encontra respostas em normas sociais, fala do 1 a 1.  Para psicanálise essa questão obedece o regime de contingência, onde há a impossibilidade de saber para prever, ou seja, a pessoa é obrigada a fazer experiência através do seu ser que lhe escapa. O gênero mais que uma norma, um estado do ser, é um caminho, um percurso,  um vir a ser.

O gênero em Psicanálise é conhecido para além dos determinismos anatômicos ou sociológicos, sendo de uma ordem psíquica e inconsciente. Esse determinismo psíquico decorre da história do sujeito e testemunha a maneira como ele se reconhece a partir dos encontros que fez e como achou-se único, ou seja, que ele faz com o que fizeram dele. O ser que fala não é um sujeito sem gênero, universal e racional, é um ser sexuado.  Ser sexuado não é nem hetero, nem homossexual, é um ser capturado pelo desejo do Outro.  É um ser atormentado pelo seu desejo que vem falar de tudo que escapa ao voluntarismo racionalista. Um sujeito que não confia plenamente no seu desejo.

Na fala analítica ele encontra um lugar onde não será julgado, nem denunciado e nem corrigido que irá se fazer conhecer.  É um sujeito que se questiona sobre o seu ser sexuado.  Se os psicanalistas falam pouco é para não sugestionar seus pacientes transmitindo uma teoria feita sobre seus sintomas. O saber vem da enunciação do paciente.  Trata-se de uma certa relação com o desejo que deverá vir ali onde o sujeito não sabe mais o que ele é , nem o que ele quer.  O sujeito inventa sua própria relação com o gênero a partir da sua experiência de desejo.

As categorias de homem e mulher em psicanálise são o resultado de um percurso subjetivo do ser falante a partir do seu próprio interesse em seu desejo.

A Psicanálise busca desapegar das normas para se chegar ao desejo e gozo que remete a uma excentricidade a uma anormalidade irrepresentável.  A psicanálise faz do sexo e do gênero um enigma para o sujeito. O discurso sobre o sexo e o gênero se torna lugar a partir de um questionamento de toda a crença das normas. A coerência de um ser é perturbada e as certezas são abaladas e mais do que buscar um encaixe trata-se de querer saber das faltas e dos desejos.

A anatomia dos sexos não se inscreve do ponto de vista psíquico, o modelo unissex seria o primeiro meio no qual o menino e a menina abordam o corpo sexuado. Tanto um como o outro percebem que seu corpo não é idêntico ao sexo oposto. O primeiro tempo é de apreensão do sexo e do gênero, mas o que vai pesar são as formas de gozo e desejo, entre a falta a ser e a pulsão. Essas são reflexões baseadas na Psicanálise Lacaniana e no livro o Ser e  gênero de Clotilde Leguil (2016).

Referências

LEGUIL, C. O ser e o gênero: homem/ mulher depois de Lacan - Belo Horizonte: EBP Editora, 2016.

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